quarta-feira, outubro 26, 2005

A Pior Dor

Os repetidos beijos da mãe no rosto rijo. O beija-flor que veio ver. A avó inconsolável no canto lembra de tudo que ele fazia. O pai que não se aguentava em pé. O primo com quem mais brigava totalmente transtornado. O pedido da mãe. O escapulário e a camisa do primo depositados. A família unida na dor. Desce à cova.
Não se vai só o belo jovem bom. Vai o primogênito da mãe e unigênito do pai que o amavam tanto e faziam de tripas coração. Vai o neto criado com cuidado e afeto. Vai o sobrinho atencioso. Vai o primo divertido. Vai o amigo, companhia pra tudo. Vai o namorado carinhoso. Vai o aluno esforçado. Vai o empregado carismático. Só o que fica é um aperto no peito de quem o conhecia, e a sensação de injustiça. A hora errada. O lugar errado. Dois covardes. Nove tiros à queima-roupa.
Nem dá pra acreditar. Parece brincadeira. Parece que ele tá se fingindo e vai se levantar pra nos dar um susto... Mas não.
A morte me acerta novamente. E dessa vez foi mais forte.
Agora ele está em paz, olhando a todos nós. Que brinque, dance e se divirta bem muito onde estiver, JEFFERSON PESSOA DE MELO.
"A pior dor de uma mãe é ver um filho descendo à sepultura."